Lutando contra o estado de natureza hobbesiano que em mim habita. Vou romantizar pra ver se me torna aceitavelmente civilizada. |
Sei que é uma história, mas não sei bem como ela começou, tampouco como terminará...
Só sei que ela pegou o ônibus quase todos os dias neste ano e sempre esteve tudo dentro da normalidade.
Mas, no mês passado, ela começou a notar alguém. Sabe quando o primeiro olhar que se encontra já é diferente? Foi assim... São engraçadas essas coisas quando acontecem, porque pessoas entram e saem daquele ônibus todos os dias, homens lindos e simpáticos sentam ao lado dela e dizem bom dia, mas ela não se sente tentada a puxar assunto, prefere só responder com outro bom dia automático.
Mas ele não sentou ao lado, não disse bom dia, não fez nada, só parou ali e ela encasquetou que ele era diferente.
E ele é lindo nos olhos dela. E ela começou a sentir necessidade de se arrumar para ele. Não que o fizesse forçosamente, mas porque queria ser bonita para ele, não sei explicar [nem ela]...
Ela sentava nos bancos no ônibus, ele não. As vezes, os lugares estavam vazios, mas ele não sentava, ficava de pé próximo à porta e, as vezes, ficava bem de frente para ela, as vezes olhava para ela e, ao ver que ela estava a olhar para ele, desviava o olhar. E sempre que ele desviava o olhar, ela aproveitava para olhá-lo bem e cada vez que o olhava, ele se tornava ainda mais bonito. A barba... a dele é linda.
As semanas passaram, os olhares se intensificaram. Ele estava lindo hoje e ontem também! Certamente, amanhã, estará divino.
Ela descobriu onde ele trabalha, mas ainda não sabe o nome dele. Só sabe que ele fica vermelho quando a vê olhando pra ele.
Ontem, ele sentou. Não sentou em um lugar qualquer, ele sentou ao lado dela. Nossa! Foi tão desconcertante. Ele não parava de mexer as mãos e ela não parava de enrolar o cabelo. Nenhum oi, ridículos! Nenhum dos dois se atreveu a fazer nada. Claro, ambos pensaram em mil coisas, mas o paradigma da teoria mais uma vez superou a prática!
De repente, ela percebeu que, do lado da janela vinha um vento frio, mas do outro lado estava quentinho. Eles estavam encostando um no outro! Ai meu Deus!
Foi ruim, sabe. Como estavam um ao lado do outro, não podiam se olhar.
Mas em uma coisa, ambos concordam: O ônibus chegou infinitamente mais rápido ontem.
Ele desceu primeiro. Ela respirou fundo, levantou e foi atrás. Não atrás dele, mas atrás porque era o caminho dela também.
Ele parou no corredor para assinar o livro de presença, ela passou por trás dele e saiu pela outra porta. Quando se virou para fecha-la, ele estava parado, olhando para ela. [engraçado como aquela imagem se forma na cabeça dela quando ela fecha os olhos, parece uma pintura. Fantástico!] Ela não conseguiu evitar e sorriu para ele como uma adolescente apaixonada e ele não resistiu: sorriu também.
Não bastou sorrir na cara dele, ela ainda foi rindo sozinha por todo o corredor do Anexo do Prédio 4. As pessoas passavam por ela e pensavam que era louca, alguns sabiam que só estava feliz.
Ela se preocupou porque faltam onze dias para as férias.
A história termina [embora não tenha terminado ainda] assim: As férias chegaram e eles não puderam se ver mais. Sabe-se lá se no próximo ano ainda vão ter alguma chance...
Gostaria de dizer que um dos dois teve coragem de ir falar com o outro, convidar pra dar uma volta por aí, na praia... um filme, o laguinho da FURG, comer uma torrada no bar do Japa...
Mas não... ainda não. Ridículos... ridículos por perderem tempos preciosos. Neste momento, ela está escrevendo e ele... ela não sabe. Só sabe que ele está perto, quem sabe ele viva na casa ao lado. Se não fosse o calor do lado direito do corpo dele passando para o lado esquerdo do corpo dela, ela acharia que o criou na mente. Porque ele parece "tão", que só podia ser invenção.
[Continua]
Um comentário:
Sem dúvida é uma história boa. Torço para que a personagem consiga dividir muitos outros olhares e sorrisos com esse garoto gracioso. Espero que os caminhos se cruzem novamente e que tragam muitas felicidades. Aguardo a continuação desse romance empolgante.
Postar um comentário