sexta-feira, 23 de abril de 2010

Depende de um bom texto.

Tem vezes em que eu fico olhando para a cara de algumas professoras e tenho vontade de perguntar: Por que? Por que você é professora? Por que escolheu lidar tão diretamente com seres humanos, se você mesma, as vezes, parece tão desumana? E, principalmente, tenho vontade de perguntar Por que, depois de descobrir que o problema dos outros não era da sua conta, você insistiu?
Fico imaginando o escândalo que isso seria. Ou melhor, fico prevendo. O que eu deixo no plano da imaginação é uma resposta sincera. Embora eu não faça ideia de quê resposta seja esta.
As aulas de Linguística Aplicada tem, sem dúvida, desacomodado alguns de suas cadeiras. Você descobre que, de fato, tudo depende do contexto e até o próprio contexto depende de um contexto anterior para se firmar ou para se negar.
Não entendo nada do que é dito ou feito para inglês ver, até porque os ingleses não se importam e, para eles, somos da terceira divisão.. digo, do terceiro mundão. É por isso que, quando os nossos queridos professores vem com aquelas ideias dispostas a mudar o mundo (um mundo que não quer ser mudado, porque se acomodou), eu só fico pensando.. isso é coisa do outro mundo... e com certeza o é.. de outro mundo, de um primeiro mundo. Preconceito? não. Realidade? sim. Por tudo que se houve falar e, que muitos teimam em dizer que é senso comum. O que não parecem perceber é que dizer que todas as nossas opiniões são de senso comum já se tornou tão comum que não tem mais santo que aguente! Salário baixo? Salas lotadas? 40 horas semanais? Escolas diferentes? "Tu te anima?" O que importa se sou formanda pra dar língua portuguesa, se a escola precisa de um professor de história? Os alunos parecem não merecer uma boa educação e o profissional não mrece trabalhar naquilo para o qual se preparou, é o que vejo ser demonstrado. Descaso? Acaso? Caso ou compro uma bicicleta? Tudo isso é senso comum, fala alheia e rima pobre.. nada além disso. Ou melhor, além disso... somente um surto verborrágico.
Mas, desculpem, não era sobre isso eu que eu falava quando comecei a escrever. Falava sobre as professoras. Pensando bem.. falar por quê, se ninguém vai se importar mesmo.. eu não tenho um "Dr." na frente do meu nome. E isso, meus caros, não depende do contexto - infelizmente.

domingo, 11 de abril de 2010

Guilty

Caso 1.025: O pintor versus a Pintura

Com a palavra, o advogado de defesa:
A questão é muito simples. Se não quer frustrações, então, não crie expectativas. Não pinte uma tela linda, perfeita porque pode acabar acreditando que aquela cena (congelada) é ou será real. A intenção do pintor é boa, porque o sentimento do pintor é puro, mas a pintura carrega um poder próprio. Se você pinta uma cena da natureza com água limpa e com borboletas voando, você sente paz por alguns momentos.. ainda que esteja em meio ao lixo. Eu nem ousaria dizer que a pintura é culpada, mas - é fato - dizer que o pintor é culpado é um erro infinitamente maior.

Com a palavra, o promotor:
O réu é, de fato, culpado. E contra fatos não há argumentos.
As vezes, esperamos demais de algumas pessoas. Esperamos que sejam perfeitas em tudo, pelo simples fato de elas serem "a nossa pessoa", seja nosso amigo, seja nosso amor. Talvez, por isso, fiquemos tão chateados quando elas borram o quadro de perfeição que pintamos delas.
A culpa, evidentemente, não é delas; a culpa é nossa - somos os pintores. Naturalmente, quando passamos a amar alguém, vemos crescer milhões de expectativas, as quais - é lógico - poderão ou não se cumprir. Essas expectativas incluem, por exemplo: amar os animais; ter paciência com os velhinhos; se importar com os outros; ser ele, mesmo que desagrade alguns; etc. As pessoas que gostam de nós, estão ao nosso lado nos momentos em que precisamos delas.. quanto às pessoas as que não agradamos, bom.. nós não precisamos delas ao nosso lado mesmo.
A culpa, definitivamente não é delas. Mas você também não tem que mudar e dizer "amém" ao que nunca tolerou. Você pode -  e deve -  pensar:  - Posso conviver com isso sem que isso afete ou diminua o amor que sinto? Se a resposta for sim, passe por cima do assunto, afinal, quem disse, sabia sobre  o que estava falando: "Passamos a amar, não quando encontramos uma pessoa perfeita, mas quando aprendemos a ver perfeitamente alguém imperfeito". Não podemos exigir perfeição, afinal, não somos perfeitos.
Ratificando a minha fala: Se você culpa a outra pessoa por causa de expectativas (criadas a partir da ilusão) que não se cumpriram, pare e pense... a culpada é você!
O culpado pelo insucesso é sempre o pintor, nunca a pintura.

O veredicto é Culpado! Mil vezes culpado e a pena é a própria culpa e ser carregada.. não há o que doa ou pese mais. Ainda que a pintura tenha sido borrada, sua lembrança não foi e é isso que dói: saber que por mais que se tente pintar um quadro igual, não será a mesma coisa.
Culpado!
Por esperar demais, querer demais, e receber de menos.

(Isto é uma pintura surrealista pintada por extenso. Preciso dizer que só os inteligentes conseguem enxergar?)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Por que eu sinto o que eu sinto?

(Certas coisas mudam,
outras coisas, não.
Aprendi a confiar no tempo (...)

Morar longe da faculdade é um problema.
No fim da aula, enquanto as demais colegas amigas se reunem em frente a faculdade pra jogar conversa fora, você tem que correr para casa, afinal, elas moram perto, mas já são 22:30 h e, pelo menos, meia hora de caminhada você ainda tem pela frente.
Já há meia quadra de distância, você ouve as alegres risadas delas e pensa: "- Como eu queria morar no centro..." e segue o rumo.
Quando a faculdade se muda para o prédio novo você fica feliz, afinal, ele fica a três quadras da sua casa. Depois das férias, você volta as aulas, reencontra as amigas e, na hora da saída, você caminha com elas (ou elas caminham com você) até a esquina da quadra da sua casa. Você se despede e segue um rumo, enquanto elas seguem outro, pois, você mora perto, mas já são 22:30 h e, pelo menos, meia hora de caminhada elas ainda têm pela frente.
Já há meia quadra de distância, você ouve as alegres risadas delas e pensa: "- Como eu queria morar no centro..." e segue o rumo.

Então, você entende... que o que importa não é a distânca a percorrer, mas quem acompanha você.
De quê eu poderia reclamar; se não me sinto contente, ao menos me sinto contentada.