terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.
Clarisse Lispector




Ninguém sabe como o amor começa, porque ele não começa, ele - simplesmente - se reconhece. O amor já existe, ele sempre existiu, nasce conosco, mas somente quando conhecemos "o" amado é que nos apercebemos de que o nosso Amor (sentimento) já tinha um amor (ser).
De nada adiantou todo amor que demos a outras pessoas, pois elas não eram as donas do amor... eram só outras pessoas - que acabamos por confundir com amores por causa da nossa pressa.
É como um quebra-cabeças, as peças devem estar em seus lugares, pois só assim fazem sentido, só assim se encaixam como deve ser. E mesmo que uma peça errada venha a se encaixar ali, cedo ou tarde notaremos que algo estará errado, ou ela fará falta em outro lugar, e teremos que tirá-la de lá.
Não podemos forçar o coração. Não podemos dar a uma pessoa um amor que pertence a outra.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Com a pulga atrás da orelha

Primeiro post de 2010
Advertência: Estou escrevendo sob forte inspiração de García Marquez (Del amor y otros Demonios) e Cunha & Cintra (nova gramática do português contemporâneo), então, eu não sei o que vem por aí... se vou me apegar à sintaxe ou à semântica.


- O papo é sempre o mesmo: ou razão ou emoção.
- É claro. Eu tenho observado as passoas. A discussão se dá porque não pode haver um equilibrio entre esses dois extremos.
- Como não? Quem é que ditou a regra de que não posso pegar ideias emprestadas com a emoção e depois decidir com a razão???
- Bom, eu sou uma das que diz isso, porque realmente acredito nisso.
- Como assim "não acredita", se você faz isso todo santo dia!
- Não faço nada! Hajo sempre impulsivamente movida pela emoção. Na maioria das vezes me arrependo, mas a vida é assim...
- "É assim" o escambau... Tá doida.. se é assim tem que deixar de ser. Você sempre foi racional, não é hoje que vai mudar.
- Mentira sua, sempre fui passional, mas só porque me ensinaram que era feio ser assim, era atitude de fraco.. Eu acreditei que deveria ser sintática, nunca semântica. Pra que fazer sentido, se o que importa é estar "correto"!
- Não posso acreditar que você disse isso! Deve estar maluca.
- Então estamos malucas...
- Porque?
- Porque pulgas não falam! E se pulgas não falam, pulgas não pensam.
- Quem disse?
- Heineken.. acho que é o cara da cerveja...
- Hmmm