domingo, 11 de abril de 2010

Guilty

Caso 1.025: O pintor versus a Pintura

Com a palavra, o advogado de defesa:
A questão é muito simples. Se não quer frustrações, então, não crie expectativas. Não pinte uma tela linda, perfeita porque pode acabar acreditando que aquela cena (congelada) é ou será real. A intenção do pintor é boa, porque o sentimento do pintor é puro, mas a pintura carrega um poder próprio. Se você pinta uma cena da natureza com água limpa e com borboletas voando, você sente paz por alguns momentos.. ainda que esteja em meio ao lixo. Eu nem ousaria dizer que a pintura é culpada, mas - é fato - dizer que o pintor é culpado é um erro infinitamente maior.

Com a palavra, o promotor:
O réu é, de fato, culpado. E contra fatos não há argumentos.
As vezes, esperamos demais de algumas pessoas. Esperamos que sejam perfeitas em tudo, pelo simples fato de elas serem "a nossa pessoa", seja nosso amigo, seja nosso amor. Talvez, por isso, fiquemos tão chateados quando elas borram o quadro de perfeição que pintamos delas.
A culpa, evidentemente, não é delas; a culpa é nossa - somos os pintores. Naturalmente, quando passamos a amar alguém, vemos crescer milhões de expectativas, as quais - é lógico - poderão ou não se cumprir. Essas expectativas incluem, por exemplo: amar os animais; ter paciência com os velhinhos; se importar com os outros; ser ele, mesmo que desagrade alguns; etc. As pessoas que gostam de nós, estão ao nosso lado nos momentos em que precisamos delas.. quanto às pessoas as que não agradamos, bom.. nós não precisamos delas ao nosso lado mesmo.
A culpa, definitivamente não é delas. Mas você também não tem que mudar e dizer "amém" ao que nunca tolerou. Você pode -  e deve -  pensar:  - Posso conviver com isso sem que isso afete ou diminua o amor que sinto? Se a resposta for sim, passe por cima do assunto, afinal, quem disse, sabia sobre  o que estava falando: "Passamos a amar, não quando encontramos uma pessoa perfeita, mas quando aprendemos a ver perfeitamente alguém imperfeito". Não podemos exigir perfeição, afinal, não somos perfeitos.
Ratificando a minha fala: Se você culpa a outra pessoa por causa de expectativas (criadas a partir da ilusão) que não se cumpriram, pare e pense... a culpada é você!
O culpado pelo insucesso é sempre o pintor, nunca a pintura.

O veredicto é Culpado! Mil vezes culpado e a pena é a própria culpa e ser carregada.. não há o que doa ou pese mais. Ainda que a pintura tenha sido borrada, sua lembrança não foi e é isso que dói: saber que por mais que se tente pintar um quadro igual, não será a mesma coisa.
Culpado!
Por esperar demais, querer demais, e receber de menos.

(Isto é uma pintura surrealista pintada por extenso. Preciso dizer que só os inteligentes conseguem enxergar?)

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