Tu, que jamais me beijaste...

Só tu

De todos que me beijaram

De todos que me abraçaram

Já não me lembro, nem sei

São tantos os que me amaram

São tantos os que eu amei

Mas tu, que rude contraste

Tu, que jamais me beijaste

Tu, que jamais abracei

Só tu nesta alma ficaste

De todos os que eu amei.

Indiscutível: sentir-se amada é ótimo. Que disso ninguém duvide. O problema é não conseguir retribuir, apesar de querer. Será por egoísmo que não se consegue amar?

Como é possível... ver uma pessoa fazer de tudo por você, dizer coisas maravilhosas, descrever-lhe como uma pessoa perfeita (que você sabe que não é)  ainda assim não conseguir sentir o mesmo por ela?

É difícil ver nos olhos ele toda a verdade contida naquela fala, a voz dele engasgando no meio das frases, porque, enfim, tinha conseguido coragem para dizê-las. Vi as lágrimas secando por causa de um sorriso meu. Mais tarde, vi as minhas cainda por causa do sorriso dele.

O abraço... caraca, o abraço, tão apertado na esperança de me manter ali para sempre.

Os olhos... tão fixos em mim, como se quisesse me decorar. Ele me olhava diretamente nos olhos, mas eu sentia como se ele me visse por completo.

E a maldita falta de palavras, justamente quando se te tudo a dizer... e não se consegue!

Então, ele me olha, me aperta, me agrada e não posso dizer nada.

Como se palavras pudessem substituir aquele olhar que sucedeu a rejeição ao beijo... aquele seu maldito olhar, acompanhado deum 'por que' desesperado... e parecia que qualquer justificativa que eu desse não bastaria para ele... e nem para mim.

A essas alturas, eu já nem sabia qual parte de mim estava dizendo o não, se era a cabeça ou o coração. Só podia se o coração, porque ali o sim é não e o não é sim. Porque o coração fica do lado esquerdo do peito... o lado canhoto, invertido e sem jeito... o lado sem jeito.