terça-feira, 8 de novembro de 2011

Carta a Romandio, o Moderno Romeo

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Romandio,
por que beber o veneno? Seriam as lembranças da amada tão doloridas que, ao sabê-la morta, não desejasses mais viver? 
Se eu posso ser demasiadamente sincera, saiba: Ela não era uma Julieta, ela não morreria por ti. Mas tu... tu és um autêntico Romeu. Acredito que, noutros tempos, terias bebido o veneno. Por sorte, hoje, pensas somente em viver por ti, jamais em morrer por ela.
Sei que o Romeu da tragédia era um homem apaixonante, mas penso que, se Shakespeare² tivesse te conhecido, saberia como fazer um personagem ainda mais encantador, que soubesse fazer uma mulher sorrir em 5 ou 6 idiomas...
Se tu serias capaz de desafiar todo um mundo para ficar com tua amada, e viver como se cada dia fosse o primeiro ao lado dela; se tu olhavas para ela como se cada momento fosse o último; e se ela não deu valor a isso, ela - com certeza - não te merecia. Ela merece alguém que a trate como só mais uma entre os 7 bilhões de habitantes do planeta, não como uma Julieta única.
Acredito que tu, da mesma forma que eu, em algum momento, tenhas chorado e se perguntado "por que?", no entanto, a resposta não virá agora e, quando vier, estarás ocupado demais sendo feliz. A única coisa que valeria as nossas lágrimas seria a ida de um amor verdadeiro, mas, acredite, quando for verdadeiro, não se irá. 
Sabe... costumamos sofrer quando vemos que o futuro que imaginamos não se cumprirá mais. Mas tem um dia que acordamos com uma expressão tensa no rosto, e perguntamo-nos: O que me garantia que aquele futuro ia mesmo se cumprir como o imaginei? Quer dizer, fazemos do amor um jogo, e apostamos todas as nossas fichas nele, sem contar com um fato que faz toda a diferença: o adversário pode trapacear e levar, além das fichas, os nossos sorrisos. 
Estava certo aquele que disse: Se não queremos decepções, evitemos expectativas. Criamos expectativas maravilhosas em cima de pessoas que não são tão maravilhosas assim e daí vem a frustração. Não dá pra esquecer que o Romeu da obra é impalpável, é construído meramente de palavras [e ainda assim nos comove!] e foi seu criador quem decidiu o seu destino. Mas tu, Romandio, tu não tens alguém a dizer-te que terás um fim trágico, usa isso a teu favor. Escreve pra ti um final feliz!

Talvez, se lesse isso, tua finada Julieta pensasse: Por que foi mesmo que eu o deixei ir embora?
Eu respondo: Porque uma garota de muito mais sorte estava esperando por ele!

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* "O amor na palma da minha mão". Desenhado pelo Romandio, durante aula de IED
¹ Mega licença poética. Trecho traduzido e adaptado da tragédia shakespeariana Romeu e Julieta
² Eu critiquei Shakespeare??

3 comentários:

Jonas Vianna disse...

Dalê.... Excelente o texto.. Acho que só depende do Romandio querer ser FELIZ... e Tenho dito..XD...

Anônimo disse...

Nossa Vivi!! Não te conheço mais já te adorei. rsrsrs
**irmã de um Romandio. hehehe

Amandio Porciuncula disse...

'É, hãã... Eu acho que tá bem colocado...' (A.C.P.)
Excelente texto, Vivi! ^^ Como sempre brindando-nos com textos altamente elaborados e com uma vastidão cultural atrelada de modo sui generis, como só tu mesma...
Sinto-me lisonjeado por esse escrito ser a mim dedicado (à minha desventura, mais precisamente).