domingo, 11 de março de 2012

Difícil intitular as nossas imperfeições.

Eu nunca disse que eu era perfeita. Até porque eu não enganaria ninguém.

Aliás, quem me conhece de perto sabe que as imperfeições que eu tenho são muito visíveis. Uma delas, acredito que a maior, é não saber querer perdoar. Não, eu não disse que odeio as pessoas que me machucaram, eu - simplesmente - disse que não as perdoo. Apesar disso, eu sigo feliz, eu sigo em frente. Estancada e infeliz eu ficaria se dissesse que perdoo e ficasse me remoendo por dentro. 
As vezes, certas coisas se perdoam sozinhas... culpa do tempo que teima em ficar apagando tudo. 

Quando uma pessoa me fere, eu fico imensamente abalada. Como se eu não esperasse que as pessoas falhassem, do mesmo jeito que eu.
Eu sofro, mas eu sofro mesmo. Eu choro, eu xingo, eu bato, eu mato... Tudo isso dentro de mim. Por fora, sou a indiferença em pessoa. E, por fim, eu me afasto. E nunca mais essa pessoa fica sabendo de mim.
Não dou nem oportunidade para que peçam desculpas. Pra quê? Carinho no ego? Não preciso, obrigada. É hipócrita demais.
É quando eu me afasto que o tempo vem com aquele truque barato: Fazer sumir as lembranças!
A grande verdade é que eu nunca entendi a graça do perdão. Quem inventou essa palhaçada, afinal?
Quer dizer, as pessoas magoam você, elas fazem você sofrer e quando sentem culpa pedem perdão. Você pode sofrer, elas não, é isso?? Simples assim? Como se uma palavra fizesse as lágrimas retornarem aos olhos e tirasse o amargo que você sente toda vez que alguém te diz as mesmas palavras melosas que aquele que te feriu disse. [de mentiras, falemos noutra postagem]

O inventor do pedido de perdão não era uma boa pessoa, ele só precisava de sua consciência limpa outra vez e fez as pessoas acreditarem que o perdão era divino. A mágica do perdão [e a palhaçada também] reside aqui: fazer do arrependimento a estrela do filme, enquanto a dor causada fica só na figuração.
Eu sou das que não gostam de perdoar, mas há pessoas que não conseguem pedir perdão. Talvez saibam que não é a palavra que importa. Elas sabem quando foram perdoadas...

A minha imperfeição é pegar essa mania feia do tempo e derrubá-la bem derrubadinha. E quando ela cai, eu chuto ela. Ou seja, eu não me permito esquecer! Quando aquela pessoa que me magoou começa a se apagar da minha lembrança, o meu cérebro começa a pensar "ah, mas ele nem foi tão mau assim" ou "acho que está tudo bem agora". É nesse momento que eu calmamente deito na minha cama, coloco uma meia-luz, uma música 'bacana' e começo a enumerar todos os acontecimentos que fizeram com que eu não a perdoasse antes.
Aí eu lembro.
Não, não me faz mal, não se preocupem. É que eu gosto que as coisas sejam justas e nada mais justo que não perdoar.

Eu não faço por maldade. É só defesa, sabe... pra eu não andar igual uma boba por aí, sorrindo pra quem me fez chorar.

Ah e antes que eu esqueça... perdoar pode até ser divino, mas divino mesmo é refletir antes de agir, a fim de não machucar ninguém. Assim, o perdão nem precisaria existir. Aliás, ele não existe, é - como eu já disse - uma invenção daquele que precisava estar em paz consigo mesmo.. quer maior prova de egoísmo?

É a minha opinião. Eu me construí a partir dela. Acho legal quando alguém perdoa outro alguém. Tem que ser forte demais, superior demais... Não é pra mim. 
Esses dias a Fran disse, utilizando-se de um discurso alheio: - Não guardo nem dinheiro, vou guardar rancor!
Pois é... foi aí que eu entendi... eu costumo guardar todo o dinheiro que cai nas minhas mãos. Vou tentar perdoar alguém um dia, mas vou começar aos poucos, comprando algumas coisas novas...

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