segunda-feira, 12 de março de 2012

A metáfora do pretinho básico!


Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que deveria querer outra coisa.

Passamos a vida percebendo que as pessoas são confusas, que são indecisas, que não sabem o que querem. Percebemos que nós mesmos somos indecisos e que o mundo, também confuso, não nos ajuda a decidir. Passamos a vida num constante dilema: “vou com o preto ou com o estampado?”
O que é a indecisão, senão uma decisão já tomada? Parece contraditório, mas não é. Estar indeciso significa que, tendo de escolher entre duas coisas, você já escolheu subconscientemente, mas tem medo de não ser a escolha certa. A indecisão não existe, nem poderia existir. O que existe e se confunde com indecisão é incerteza.  O dilema ainda está entre nós: “e se eu chegar lá com o estampado e estiverem todos vestidos sobriamente?” Não é bom arriscar. Ou é?
Por vezes, tentamos decidir por intermédio de conselhos. Se temos duas opções e uma só chance de acertar na escolha, é certo que apelemos – para que não corramos o risco de errar [se for pra errar, que erremos embasados em teorias alheias. É sempre bom poder pôr a culpa em alguém]. Então, começam as pesquisas de opinião. Consentimos com o fato de seres exteriores a nós decidirem coisas que dizem respeito exclusivamente a nós. Afinal, quem vê a situação de fora, vê mais claramente[?]. A pessoa só tem que responder: “qual ficou melhor: o preto ou o estampado?”
Acontece que as pessoas também são incertas. Não, indecisas elas não são. Lembremo-nos de que a indecisão não existe. As pessoas decidem, mas elas têm medo de dizer, porque é responsabilidade demais: “e se eu disser que o estampado fica melhor e todos, lá, estiverem vestidos sobriamente?” Mais confusão!
Há sempre os adeptos do pretinho básico: “não tem como errar.” Como assim ‘não tem como errar’? Estatisticamente falando, se há duas possibilidades de escolha e uma oportunidade de acerto, há – sim - chance de errar, e ela equivale a 50%.
Paremos, agora, com a metáfora dos vestidos. Só a peguei de exemplo porque ela é clássica quando tratamos de indecisão. Mas ela pode ser substituída por qualquer outro dilema. Sempre caberá dizer que as decisões são tomadas de imediato, assim que nos são apresentadas possibilidades. O que acontece é que, no fundico da alma, acreditamos que devemos arriscar na outra possibilidade. Justamente porque ela tem um “quê” de impossibilidade, o que acaba tornando tudo mais interessante.
A opinião do ente que escreve é que o pretinho básico é tão básico que já não serve mais para o que nós sentimos. Não somos básicos, somos ácidos! Ah o estampado sim. O estampado é perfeito. Bem... Caso todos estejam vestidos sobriamente, que bom eu achar... Vou brilhar sozinha.
Joguemo-nos. Vamos colorir o mundo!]

Idealização: Janice Dutra Saaberry
Realização: Vivi Freitas
Apoio moral: Leonardo de Oiveira
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Como sempre, eu pretendia escrever sob um outro prisma, mas o texto se construiu assim. 

Um comentário:

Janice disse...

OMG!!!!! Pois é, os textos se constroem sozinhos... e nos levam p/ o prisma racional (afinal estamos escrevendo p/ que alguém leia e não queremos parecer retardados), porém, sabotamos a racionalidade em nossas ações para nos desculparmos por nossas atitudes irresponsáveis. Depois, escrevemos na 1º pessoa do plural p/ fingir que os demais concordam com nossas doideiras!