quinta-feira, 21 de agosto de 2008

A inSusTenTáveL LeveZa do Ser

Eu não sou dessas de ficar colocando musicas ou versos no blog... o que escrevo aqui, vem de mim, mas essa é a música que mais amo - ela também vem de mim, sinto ela e ela siginifica demais o que sinto, vivo e sou... a escrita em azul são, obviamente, comentários e interpretações minhas.uhuh..
Vício - Anjos Do Hanngar
Noite que vai, noite que vem e o coração sem você.
(o tempo passa e não faz mais sentido porque tu te fostes)
Diz o que fazer, já não sei viver sem sentir o teu prazer.
(diga-me como fazer para que as coisas voltem a ter significado, se eu não lembro como era viver antes de te encontar)
Queria ter paz sem me preocupar, queria sorrir sem chorar,
(só sorrio quando lembro de ti e, em seguida, minh'alma se derrama em lágrimas)
Mas o riso vem é pra disfarçar a falta que você me faz.
(sorrir fisicamente pra tentar convencê-lo de que ele(a) que não faz mais falta)
Porque tem que ser assim? Porque amar é tão ruim? (e dizem que não)
(disseram-me que amar era bom, mas dói. Porque algumas pessoas acham que sentir isso é uma coisa boa?)
Quando eu te conheci, juro, eu brinquei
(quando eu brincava e o outro amava, era bom)
E o preço foi...me apaixonei!
(o preço, a punição por brincar com o amor é nada menos que amar)

Dramatica, eu?? Capaz!
Só não acredito (ainda) na existência de um amor ideal, o real já foi suficiente para me fazer notar que não importa quantas qualidades eu idealize em alguém, um dia vou ver que eu que as criei, as qualidades não existiam, e a pessoa - outrora, tão acima das outras todas - agora, é um reles mortal.
Não, não é pessimismo... ou será que é?

Vejamos, Camões descreveu tão bem o amor... na concepção dele, é claro (que aliás, difere, em parte, da minha). Bem, disse ele:
Amo é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor
Luís de Camões


Amor é susto que se torna um hábito
É buscar o infinito andando em círculo
É ter a magestade do ridículo
É cândida nudez sem dor nem mácula
Amor é aprendizado sem lições
Que o digas tu, não eu meu bomCamões.
Trechos de Guilherme Fiqueiredo

E agora, José? E agora, José??

Por acaso alguém consegui ver algum otimismo aí acima? Falem-me, porque eu não consegui!
Ah, a instabilidade do amor! Totalmente antitético! Muito bem colocado.. Camões deixa claro a abstração do amor quando faz o questionamento ao final do soneto - como causar pode seu favor nos corações humanos amizades, se tão contrário a si é o mesmo Amor... dói sem doer, contenta descontente, tráz solidão em meio a multidão, nos faz ter lealdade com nosso carrasco!! Mas, ainda assim, há quem diga que amar (assim, como nos diz Camões) é bom!!
Em verdade, em verdade, vos digo: Que o que Camões define, em alguns versos - não todos - como sendo somente o efeito de amar, eu definiria como o resultado de amar e de não amar vistos sobre perspectivas diferentes...ou seja, o falta de amor X amor platônico.

Calma, antes que Camões comece a se revirar, eu explico:
Acredito que não amar é que tráz todo esse vazio de que fala Camões, essa ferida, essa dor, esse descontentamento, essa solidão...ao passo que amar desamparado causa os mesmos sentimentos.
Não amar, sim, é que faz doer sabe-se lá onde dentro da gente, trazendo a sensação de estar incompleta, parece que algo nos foi arrancado do jeito mais frio possível..dói tanto, mas não sei bem onde! Mas quando se dá amor sem receber, sente-se doer no mesmo e impreciso lugar

Não amar é que nos faz sentir a solidão entre as gentes porque se temos uma só pra amar, já não nos falta ninguém. Acredito que quem tem um amor nunca está só; E quem não ama, sim, sente solidão entre as gentes! Ainda assim, quando se ama, a única companhia que não trás solidão a de de quem tu amas.

Não amar nos faz descontentes, apesar de contentes, porque, ainda que consigamos sorrir, se estiver vazio o coração, nada nos alegrará por inteiro. O estranho é que essa mesma triste alegria nos invade quando amamos, ainda que não sejamos correspondidos.

Isso me leva a pensar só uma coisa; - Pobre Camões, só conhecia o amor não-correspondido! Não é a toa que teve tempo de fazer centenas de sonetos decassílabos heróicos... Se fosse correspondido sequer pensaria em escrever... e eu tampouco!

Será que não amar e amar nos fazem sentir a mesma coisa, têm o mesmo efeito?
Qual dos dois nos faz "mais bem"? Se é melhor doer por estar vazio ou doer por portar amor demais?

Repito o trechinho da música lá de cima:
"Poque amar é tão ruim? - e dizem que não"

Amar ou não amar, eis a grande questão... as vezes sem escolha!

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