segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ah, se os banheiros falassem...

Pra começar, eu diria que é um texto contra indicado para homens. 

Vim aqui pra escrever de banheiros femininos. Seja o banheiro de casa, o da boate ou o da praça. Banheiro é banheiro... 
Comecemos pelo banheiro de casa, limpinho, com um bom espelho e uma boa iluminação. Pois bem, se o maldito falasse, metade de nós - mulheres - seria cruelmente desmascarada, como a leitura pública de um diário.
Vai dizer que o seu chuveiro não testemunhou as suas piores lágrimas ou suas maiores alegrias? É lá, no seu banheiro, que você pode dramatizar, chorando abraçada em si mesma sob as águas que caem e se misturam  às lágrimas rsrs (dramatizar é tão legal)
Mas é lá também que você pode cantar (e dançar) com todo o pulmão Lambada, a dança proibida
 "llorando se fue quem um dia só me fez llorar
llorando estará ao lembrar de un amor que um dia não soube cuidar"
Sim, você pode usar seu pior portuñol! Você pode tudo sob o seu chuveiro!

Agora, falando de banheiros públicos, seja o da boate, seja o da praça (eca), eis o lugar da solidariedade. 
Vejam só, pode ser que todos não saibam, mas há, sim, solidariedade entre meninas "apertadas", basta a ocorrência de uma situação agravante.
Era uma vez...
Uma fila quilométrica no banheiro do barzinho. As meninas com as pernas encolhidas para que nada escapasse. Ao menor sinal de que uma fosse passar na frente da outra, ouvia-se rugidos e olhares de leoas...

De repente, ocorre o inesperado: uma completa desconhecida adentra o banheiro CHORANDO! É aí que tudo acontece...
Uma menina diz: - Se ele te faz chorar assim, com certeza ele não te merece.
A menina que já chorava, chora agora ainda mais.
Outras correm para abraçá-la e consolá-la.
Algumas falam coisas engraçadas na pretensão de distraí-la.
E há ainda aquelas que oferecem água "pra ti te acalmar".

Fim das contas: a menina se anima, volta a sorrir. Vai embora do banheiro com novas amigas que acabou de conhecer e então percebe-se que aquele é o tipo de coisa que deixa mulheres mais próximas, afinal,  podia ser qualquer uma de nós ali... 

Bom, o pior já passou... a fila tem de ser refeita. 
Enquanto o babado ocorria, havia mulheres se mijando e namorados esperando, suspeitando que elas haviam ido "dar uma voltinha", pombas! Veja no que as leoas se transformam:

- Pode ir na frente, colega.
- Capaz, eu aguento.
- Então deixa ela que precisa mais.
- Obrigada, gurias.

E, juro, é sem cinismo que tudo isso é dito. Uma não repara mais na blusa da outra. Nem ficam olhando a bonita de cima a baixo. A patricinha conversa com a vileira e descobre coisas em comum. Ao ver uma se olhando no espelho, a outra logo diz: tás bem assim. 
Uma foto no espelho pra guardar o momento e fim.

Da porta pra fora, a vida seguia. A música seguia... 

Um comentário:

A. Borges disse...

Oras, oras, oras... Vai entender as mulheres.

Mas se banheiro falasse... Ela ia é ficar constrangido de comentar! E ia reclamar muito, pq né...