quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Honra ao mérito!

Olha lá, quem acha que perder
É ser menor na vida

Olha lá, quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar

Dá muito trabalho cuidar da horta. Nunca fui dessas que, pacientemente, cultivam plantinhas. Eu até sou de plantar, mas perco a paciência e deixo tudo morrer. Sou assim. E, assim que a planta morre, eu planto outra - nova e diferente - para, logo depois, deixá-la morrer também.
Pra quem pensa que estou realmente falando de plantinhas, esclareço que é só uma metáfora pra falar de felicidade.
Porque é que as pessoas insistem em ir "em busca da felicidade". Já se tornou uma frase clichê. Se é pra usar clichês, prefiro a da borboleta: cuidar do jardim e esperar! O problema de correr tanto atrás dela é que, quando você a alcança, está demasiadamente cansado para cuidar dela como é preciso.
É apavorante como as pessoas parecem pensar que a felicidade é algo material que estará esperando por elas na linha de chegada de uma longa corrida. Que basta alcançá-la e será feliz. Uma medalha. Um troféu. Não é assim. A felicidade não é simplesmente alcançada, como se alcança uma fruta em uma árvore: um mínimo esforço e deu, pode desfrutar, porque se esforçou para tê-la!
Você se esforça para conquistar, mas não move uma palha para mantê-la! Como diria Miss Eller, se você não quer fazer nada, "vá morar com o diabo que é imortal"!
A felicidade deve ser plantada, cuidada, adubada, regada, deve-se tirar as ervas ruins que teimam em se acercar, senão ela morre. E, confesso, nunca me esforcei por fazê-la viver mais que o necessário. E, com propriedade, confesso também, que nunca conheci alguém que se esforçasse por ela também.
Seria mesmo legal se a felicidade estivesse esperando na linha de chegada. Mas não está, ela nem existe. Felicidade mesmo é estar contentado com o que se tem. Ir em busca de algo significa que não há contentamento e, sinceramente, esse é um sintoma de que as pessoas nunca estarão satisfeitas. 

As pessoas insistem em "correr atrás da felicidade" sem nenhum preparo físico, esbaforidas, desgastadas. Para que? Por que, se já a temos? Essa nossa mania de complicarmos tudo...

 Eu já cheguei até a linha de chegada e, acreditem, não havia nada de duradouro lá. A felicidade é trabalhosa, não é para os preguiçosos. Quando você cruza a linha, você vence (alcança a felicidade) e imediatamente começa a perdê-la.

Vamos usar um exemplo aleatório:
Suponhamos que o garoto se sinta sozinho e passe a acreditar que a felicidade será alcançada quando ele conhecer a garota legal. No entanto, a felicidade não será alcançada neste ponto, ela apenas apontará no horizonte longínquo para que o garoto corra atrás dela. Suponhamos que ele caia no truque e corra, isto é, suponhamos que o garoto se esforce em ir a lugares longes e chatos para encontrá-la. Suponhamos também que ela se mantenha bonita, que tolere certas coisas que ele faz e com as quais ela discorda. Parece que tudo estaria bem se fosse assim para sempre. Mas o que o garoto considerava "felicidade' era um conceito mutante. O que agradou o garoto ontem, já não o satisfaz hoje e será insuportável amanhã. Ou seja, ainda que tudo se mantenha igual, não haverá mais felicidade. Não, não foi ela que mudou, as pessoas nunca mudam. O que mudou foi o modo como ele passou a olhar para ela no momento em que a felicidade começou a correr de novo. E, dessa vez, ele não foi atrás. Desistiu. Ela tampouco correu. Já conhecia o truque da felicidade, não cairia nele uma segunda vez. 
Pergunto: afinal, a garota era ou não a felicidade dele? Se era, porque deixou de ser?
Eu tenho a resposta. Aliás, eu tenho muitas.
O problema é que esse garoto era um dos que, erradamente, acreditava que a felicidade estaria na linha de chegada e, uma vez alcançada, seria propriedade eterna do alcançador. E ele não precisaria mover um dedo para mantê-la. 
Pois é pois é.. essas pessoas não merecem felicidade. As que merecem, já sabem que a tem. E, apesar das tristezas que possam ter, não correm atrás de nada. 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Conseguimos! Estragamos tudo.

[é só um desabafo, tá]
É deveras penoso ser adulto um ente desenvolvido preocupado... passamos a perceber que o mundo está morrendo...
Ao despertar, perambulei pela casa. Estava frio. Descerrei todas as janelas, porém, encontrava-se o dia um  daqueles em que a luz não entra.
Descobri que já passei da idade de entristecer-me por quê não há sol. Não, não me entristeço mais com este fato. Ao contrário, alegra-me, uma vez que os dias que se iniciam sem sol, costumam terminar em noites de chuva.
Uma criança [mesmo uma de vinte anos] pode olhar pela janela em um dia assim e desejar que haja sol. Enquanto eu olho pela janela de um um dia assim e desejo chuva e que chova muito. 
As crianças esperam sair a fim de brincar; os jovens, de passear; as crianças grandes querem ir para as festas. A última coisa que desejam é chuva. Que egoísmo.
Quero que o gado cesse de morrer de sede, que os sertanejos não tenham mais que sair na busca infindável por um pouco de água suja para beber, quero que a terra seca volte à condição de rio, e que as crianças possam banhar-se na chuva e, principalmente, que aqueles velhos de pele rachada que aparecem "sensacionalizados" na tv possam ter essa alegra que é a água em abundância, porque sofreram por mais tempo.
Sei que devem estar pensando "que idiotice ela inventou de dizer, agora!"

Tampouco sei, o que sei é que o sensacionalismo da televisão funciona muito bem comigo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

(A) = (¬A) !!! Seria possível?¹

O que vou dizer será uma verdade. Mas a sua negação também será. 
Se é possível, não sei. 
Vou tentar convencê-los de que sim. Busco persuadi-los de tal forma que possamos afirmar que, pelo menos, um dos três princípios da lógica não funciona perfeitamente quando o assunto é dolor-de-codo.
Vem comigo.

A lógica nos diz que há tês princípios fundamentais para que possamos achar um valor, seja este verdadeiro OU falso em relação a uma proposição. São eles:
o Princípio da identidade: todo objeto é igual a si mesmo;
o Princípio da não-contradição: uma proposição não pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo; e
o Princípio do terceiro excluído: toda proposição é verdadeira OU falsa, não havendo outra possibilidade.

Exemplo do 1º princípio: 
"o coração é o coração" (Verdadeiro)
"o coração é o fígado" (Falso)
"o coração é o rim" (Falso)
Ahh, você está pensando que ISSO É LÓGICO. Então, saiba que eu estou pensando que você é muito inteligente [sarcasmo], porque estamos tratando justamente de lógica aqui!

Exemplo do 2º princípio:
Se a proposição "o coração é um músculo" é verdadeira, ela não pode ser falsa ao mesmo tempo. Ou seja, não podemos negá-la, dizendo "o coração não é um músculo".
Lógico, de novo? Pois é, eu sei.

É no terceiro princípio que eu quero me prender. Vocês têm ideia do que esse princípio representa. Ele simplesmente diz que toda e qualquer afirmação verdadeira que possamos fazer, jamais poderá ser meio verdadeira. E que toda e qualquer afirmação falsa que possamos fazer, jamais poderá ser meio falsa. Ou seja, estávamos mentindo todas as vezes que dissemos "é, mas não é bem isso". Estávamos? Vejamos:

Já ouvi falar que "não há nada mais chato que duas pessoas continuarem falando enquanto você está tentando interromper", mas tenho percebido uma coisa ainda pior em certas pessoas: não há nada que as irrite mais que ninguém as notar quando estão querendo aparecer. E então elas...


Como é chato quando nada disso provoca reação do "alvo", um ciumimho que seja, uma forçação de encontro só pra ver se a felicidade é tão real quanto é gritada por aí. Sei porque há uns 8 ou 9 anos [praticamente infância] eu fazia essas coisas bobas.

Caramba, é todo mundo adulto aqui, vamos parar de palhaçada. Sim, palhaçada, porque é muito ridículo ver alguém engolindo lágrimas e tentando arrotar alegria. 
Se você conhece alguém assim [e tem intimidade com esse alguém]...

Portanto, a proposição "fingir-se de feliz para atingir alguém é ridículo" é verdadeira. No entanto, é exageradamente ridículo não fingir felicidade quando se quer atingir alguém. Chegamos ao resultado: (A) = (¬A)

Vamos esclarecer. 
Já ouvi [na verdade, eu que disse] falar que "não há nada mais irritante que ninguém notar as pessoas quando estão querendo aparecer". Mas tenho percebido uma coisa ainda pior nas pessoas: não há nada que as irrite mais que não serem notadas, enquanto fingem que não querem ser notadas.



Por isso, reitero: A proposição "é ridículo fingir alegria" e verdadeira e falsa ao mesmo tempo.
É ridículo fingir alegria (V) é verdadeira pelos motivos que já lhes disse, mas é falsa porque não é ridículo fingir alegria, isso é normal, ridículo mesmo, é fingir tristeza.

Caramba, é todo mundo adulto aqui, vamos parar de palhaçada. Sim, palhaçada, porque é muito ridículo ver alguém avisando que vai cortar os pulsos, quando podia simplesmente cortá-los em silêncio.
Se você conhece alguém assim [e tiver intimidade com esse alguém], você já sabe:


Porque não podem simplesmente agir normalmente, de acordo com o que sentem??
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¹ Espero que todos entendam tratar-se de uma brincadeira. Eu entendo de lógica, mas gosto de brincar que nunca entendo nada. Ah, sei lá, não tem muita lógica isso também...

sábado, 7 de janeiro de 2012

A Louca levantou... e ela resolveu escrever complicado hoje

"Existem duas de mim:
A louca e a santa
Quando uma de nós vai dormir
A outra levanta."

Você já odiou alguém? Já odiou alguém de verdade? 
E alguém que você amou, você já conseguiu odiar verdadeiramente?
Odiou tanto ao ponto de perceber que você sofreria imensamente se ela morresse, mas, ainda assim, você a preferia morta? 

Sim, você deve estar pensando que eu [e]S[t]OU má.

Parecem palavras chocantes para se iniciar um texto, mas os que me conhecem¹ não se chocaram, ao contrário, devem estar esperando uma explicação. Aos que se chocaram, não preciso que sigam lendo, visto que nada do que eu venha a dizer apagará de suas mentes o seguinte fato [interpretado erroneamente]: eu quero que alguém morra

Eu busco construir este texto para esclarecer, de maneira confusa, certas coisas que são confusas por natureza e as quais não teriam a menor graça se fossem esclarecidas como algo que se quer ver numa sala escura e simplesmente se acende a luz. 

Não. É necessário que eu complique tudo para que percebam que falo de coisas difíceis. Então, é por esta razão que eu entro na sala segurando uma vela e iluminando as coisas aos poucos. 

Logo que eu entro na sala, sinto medo. Vejo algo se mover bem a minha frente. Conforme me aproximo, aproxima-se igualmente. Sou eu, ou melhor, meu contrário. Um espelho. Poucas são as vezes em que vemos nosso próprio rosto e é sempre algo incomum. Dessa vez, não foi diferente. Detive-me diante dele [e de mim] por alguns minutos. Olhei para ela, que era eu, e imaginei que lá dentro tudo sempre havia acontecido ao contrário do que foi aqui fora. Sempre que eu andei para a esquerda, ela andou para a direita, portanto, nossos caminhos deveriam ser os mais longes possível. E, no entanto, estávamos ali, uma diante da outra, porque nossos caminhos avessos nos trouxeram ao mesmo lugar. É como se cada vez que eu tivesse dito sim, ela tivesse dito não e, mesmo assim, obtivéssemos os mesmos resultados.

Senti medo, vi que nada importava, todas as possibilidades ter-me-iam levado para onde levaram. Sorri para minha imagem, automaticamente, creio, porque é isso que fazemos quando temos uma dor e não queremos que ninguém perceba. Deixei de lado o espelho e segui.

Andei alguns passos e parei diante de uma estante. Nela, havia apenas um livro. Era o meu. De maneira impressionante, contava detalhadamente coisas a meu respeito, coisas que eu não lembrava. Havia todos os nomes, tudo o que eu fiz e pensei. Fiquei imaginando se mais alguém o teria visto e fiquei com vergonha. Folheando-o percebi que algumas das coisas que me deram estavam ali, pétalas de flores, cartas, bilhetinhos, vales-beijos, o recibo daquele restaurante visitado nas férias, algumas outras coisas... Comecei a folheá-lo mais rapidamente, já desesperada por não ver ali nada que me trouxesse alegria. Foi então que eu percebi... não era o que eu via no livro que me deixava triste, mas a maneira como eu olhava o livro. No fundo, eu sabia que fui feliz enquanto vivia o que lia naquelas linhas, mas - agora - ao lê-las, felicidade alguma se apresentava ao ambiente. Como uma ideia que surge do mais absoluto nada, eu parei. Parei de folhear o livro e entendi que já não me bastava mais "virar a página", o que eu precisava mesmo era fechar o livro e começar um novo. Larguei-o. Segui pela sala.

Uma caixa. Uma caixa grande. Antes de abri-la, tive certeza de todas as coisas que eu encontraria lá dentro. Abri a caixa com um sorriso. Levantei a tampa com cuidado e aproximei a vela. Não acreditei. Não havia nada no interior. Aliás, havia. Um papel. Desconfiada, peguei-o. Li a seguinte mensagem: Não é necessário ver ou tocar essas coisas que você esperava, o que sentiu ao se lembrar delas é o que basta. Como discordar de tão grande verdade? Assim são todas as coisas. Não importa o vazio, se - ao relembrar - sentimos alegria, prazer ou felicidade. 

Por fim, eu encontrei uma tela. Quando me aproximei, um vídeo começou a passar. Sentei diante daquela tela, apaguei a vela e, atentamente, eu assisti. Era uma festa, ou melhor explicando, eram várias festas. Como se alguém houvesse gravado todas as festas a que eu fui e as colocado num único vídeo, alternando as cenas. Eu pude me perceber em todas elas, apesar de não lembrar. Em verdade, acho que nunca estive naquelas festas. Não pude deixar de notar que, nas cenas, todos sorriam, dançavam, bebiam e conversavam e eu também, mas, vendo-me no vídeo eu era capaz de saber o que eu estava sentindo apesar dos sorrisos. Eu estava triste. Em cada festa, a gravação mostrava um menino, rapaz ou homem me olhando. Meu pensamento distante jamais os notou. A minha preocupação com "ninguéns" havia, por anos, impedido que eu visse os alguéns. A minha garganta secou. Pude entender o que o vídeo me queria mostrar: que eu perdi tempo demais esperando por pessoas que estavam em outras festas, olhando para outras pessoas e que eu nunca me importei com os que estavam na minha festa, admirando-me. 

O vídeo desligou. Escuridão. A vela. Onde está a vela? Não conseguia respirar. Medo.

De repente, a luz começou a invadir a sala. Parecia que eu respirava melhor, O ar era fresco. As janelas estavam, agora, abertas. E lá fora havia árvores. O que eu vi na sala, quando escura, era diferente do que eu via agora. Percebi que, de frente para o espelho da entrada, havia outro espelho. Quando parei diante dele, pude notar que, quando saí para a direita, um dos reflexos saiu para a esquerda e o outro [que era o reflexo do reflexo], deu as costas para nós duas.

Na tela, nada. Estava desligada. Quando liguei, transmitia a programação normal da televisão. Desliguei-a. E a caixa, agora, parecia só uma caixa qualquer. O papel do interior havia sumido [refiro-me ao sumiço material, uma vez que o conteúdo jazia em mim - em alguma ou em toda parte de mim].

E foi no exato momento em que a luz invadiu a sala que eu percebi porque foi que eu passei a ver a sala de modo diferente: a Louca havia morrido. 

Eu amei a Louca, é bem verdade. Ela era tudo que a santa tinha vontade de ser. Mas ela não soube ser má como se deve ser. Ela não serviu. Foi uma louca gauche. Definitivamente, não serviu. Eu passei a odiá-la. Queria ser santa outra vez, porque a Louca fingia e as pessoas acreditavam, ao passo que a santa era verdadeira e as pessoas duvidavam. As coisas da sala me mostraram que eu não podia mais fingir, eu não sabia ser louca, eu era romântica demais pra isso.  
Como deu para perceber, eu não queria que ninguém morresse. Ninguém, além da parte de mim que me estava fazendo mal.
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¹ eu disse "os que me conhecem" e não os que pensam que me conhecem ou os que conhecem o que eu, as vezes, ensaio para parecer e que, por azar [ou sorte], acreditam na minha farsa.