Inocência é jovem, livre, votante e imputável. Tem vinte e seis anos e não dever prestar contas de seus atos pessoais a ninguém.
Há duas semanas, sua vida tomou um caminho diferente daquele com o qual já se havia acostumado. Inocência, agora, acorda a cada dia com uma pessoa diferente ao seu lado. E lá se vai um bocado de homens... E algumas mulheres também.
Algumas vezes, usam aliança e, outras vezes, ainda é visível o bronzeado que se formou ao redor de onde costumava ficar a aliança.
Pensa que há algo estranho, porque não sabe seus nomes, não sabe nada de nenhum deles. Na verdade, em grande parte das vezes, ela não os olha nos olhos e, no meio do dia, já não é capaz de lembrar seus rostos.
Uns roncam, bocas abertas e sobressaltos. Outros dormem tão silenciosamente que é possível sentir como estão bem, como estão em paz. É difícil, mas Inocência já conseguiu encontrar pessoas que gostam de conversar antes de dormir.
E toda manhã acontece a mesma coisa, Inocência acorda ao lado de qualquer ilustre desconhecido, arruma o cabelo, passa as mãos pelo rosto, pega sua bolsa e...
Desce do ônibus.
Moraleja: Só quem tem malícia vê malícia onde não tem.
Um comentário:
Ai droga: eu vi!
Eu imaginei até o cenário... um quarto 'ladylike', bem romântico, com uma sacadinha modesta, em algum lugarzinho nos subúrbios de Paris.
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